domingo, 21 de novembro de 2010

A hombridade de um amigo



A hombridade de um amigo – Uma reflexão. - Côn. Manuel

“O amigo só existe na história de quem o faz”

(Côn. Manuel)

Quem tem o cuidado de adentrar no coração de um amigo, sabendo que este lhe pode ajudar em um determinado momento da vida, certamente, pode erigir em si os parâmetros da confiança, sem temer as decepções, sabendo que o outro não é apenas uma pessoa, mas algo que lhe oferece uma existência neste mundo tão conturbado, onde a segurança insiste em ficar com um pé atrás. Por isso, alguém nos alertou com suas persuasivas e convincentes palavras: “Muita gente entra e sai em tua vida ao longo dos anos. Mas só os verdadeiros amigos deixam impressões em seu coração”. Se quisermos destacar a hombridade das impressões de um amigo podemos dizer, sem medo, que é aquilo que se escreve no livro da confiança edificando os valores do caráter, ordenando e solidificando uma aproximação de um eu para outro eu, sem que um tenha que pedir ao outro licença para a sinceridade prevalecer.



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Cultivar um amigo requer dedicação e tempo. É como ter paciência com quem não teve a oportunidade de saber escrever. Contudo, é uma pessoa e, por isso, deve merecer nossa atenção e carinho. Se as letras não lhe oferecem o sagrado de sua identidade, o digital lhe permeia na verdade com um conjunto de caracteres próprios e exclusivos de uma pessoa. Assim é o amigo. Na escrita ou no digital um amigo precisa ter um conjunto de características pelas quais algo é definitivamente reconhecível, ou conhecido. Com um amigo, que ganhamos no decorrer da vida, como nos diz Ellen G. White: “podemos pensar em voz alta”. Um verdadeiro amigo é como uma cédula de identidade, podemos abrir e lá encontramos a filiação, a existência, de quem faz agente ser gente. Por isso, nos diz Jean Cocteau: “a felicidade de um amigo deleita-nos. Enriquece-nos. Não nos tira nada”. Amigo “não se pede, não se compra, nem se vende”. Assim dizia a mensagem de um casamento que tive a oportunidade de assistir.

Francis Bacon, em um dos seus pensamentos, dá-nos um alerta que mais parece o indicar o valor moral de um amigo. Diz-nos: “Não há solidão mais triste do que a do homem sem amigos. A falta destes faz com que o mundo pareça um deserto”. A presença de amigos nos amadurece e, sem medo, podemos duplicar as alegrias e dividir as tristezas. Khalil Gibran é mais amadurecido em suas palavras. Assegura-nos: “O amigo é a resposta aos nossos desejos. Mas não o procures para matar o tempo! Procura-o sempre para as horas vivas. Porque ele deve preencher a necessidade, não o vazio”. Amigo, com sua segurança, nos dá acesso para adentrarmos nos mais altos valores da consciência e dos sentimentos. Com essa liberdade podemos erigir o altar da confiança sabendo que, o que se celebrar, numa conversa, desabafo nos aclives e declives da vida, tudo vira “mistério da fé” e, assim, em alta voz podemos dizer “anunciamos Senhor”, em outras palavras, amigo agente sente.

Amigo de verdade não se omite diante das íngremes situações e não fecha os olhos para os erros. Não se cala apenas para contentar, mas questiona, mesmo que isso tenha que passar pela dor. Não se rende às lágrimas para mostrar que tem pena, mas corrige sabendo que é melhor curar a ferida do que se gastar em melindres, aumentando a dívida, correndo o risco de perder o amigo para as armadilhas que com facilidade o mundo permeia. O amigo não é apenas aquele que oferece o conforto, mas pesa o que diz e mede o que faz. Por outras palavras, “um amigo é alguém que sabe a canção de seu coração e pode cantá-la quando você esquecer a letra”. Assim rege a palavras de um autor desconhecido. Jesus no dá a conclusão certa: “Não existe maior prova de amor do que dar a vida por seus amigos” (Jo 15, 13). Pensemos nisso.

Côn. Dr. Manuel Quitério de Azevedo
Professor do Seminário de Diamantina e da PUC – MG
Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina – MG

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