quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Hora de virar a mesa… Onde está o novo?





Estamos em setembro, quase no final do ano. Muita coisa aconteceu, muita água passou por debaixo da ponte…Para todos nós! Para mim, este ano, especificamente, também foi bem agitado. Aliás, os meus últimos 3 ou 4 anos vêm sendo bem corridos: gravação do CD Reverso, gravação do DVD (loucura total), lançamentos destes mesmos materiais. Este início de ano me casei. Lua de mel absolutamente fantástica (conheci o Mickey..rss) e, paralelamente a esses fatos, a vida permanece acontecendo. O meu trabalho, a minha família, pagar contas, etc. Nada parou.


Nesse turbilhão de coisas acontecendo, também ando viajando bastante com o The Flanders. Nessas viagens, tive um despertar para algumas coisas que andam acontecendo na música católica. Esse despertar partiu de algumas observações, de momentos ociosos, do questionamento do público em papos que pude ter em particular.


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Mais uma vez, antes de expor meus pensamentos, gostaria de afirmar que são apenas pensamentos e não afirmações, pois não sou o dono da verdade. Tudo sempre tem dois lados, duas verdades. Neste caso, estou aqui para que possamos, como sempre, fazer o exercício de refletir e questionar, e não só baixar a cabeça.


Em alguns festivais católicos que participei e participo com o The Flanders senti um completo desconforto. Nos palcos, subiam novos ministérios e desciam novos ministérios. Entravam mais novos ministérios e saiam mais outros novos ministérios. E assim o tempo corria lento, devagar, quase se arrastando…Chato! Por que eu me sentia desconfortável, impaciente? Quando me questionei, e até me irritei em um determinado momento, pude abrir os olhos e ver o quanto a música católica, em si, está chata. Chata simmm! Entravam e saiam novos ministérios e parecia que o show era sempre o mesmo, no mesmo volume, na mesma intensidade, falando as mesmas coisas, do mesmo jeito e chato demais! Pensei comigo: “será que existe a mínima possibilidade desses novos ministérios realmente conseguirem evangelizar?”.


Dentro de mim, como ser humano que sou, pela minha formação e educação, sempre busquei o inédito, o risco, o novo. Sempre botei a cara para bater. Claro que, por muitas vezes, nem sempre fiz o novo, mas fiz muito bem feito e, em alguns momentos, consegui fazer não exatamente o novo, mas o inesperado. Hoje, sem sombra de dúvida, continuo na busca do “novo”, do meu novo. E quando me deparo com o “velho”, com o acanhado, despretensioso, de certa forma enlouqueço por dentro. Estamos vivendo, na música católica, um período de repetições e plágios, que se agravam ainda mais pela falta de qualidade. Já não bastassem os “imitadores”, temos de conviver com os imitadores de péssima qualidade.


Nada contra o Guilhereme do Rosa de saron, a Adriana, Anjos de Resgate, Tchelão (alguns exemplos). Muito pelo contrário, o que exponho aqui só confirma a capacidade de todos eles. Temos hoje, na Igreja, muitos imitadores de Guilherme de Sá. E Guilherme de Sá só existe um. Temos  muitos imitadores de Anjos de Resgate. Mas Anjos, só existe um. Temos muitas Adrianas e Tchelões. Essas pessoas não têm sósia. Essas personalidades que citei são exclusivas, graças a Deus! Também não estou aqui afirmando que não temos que ter referências na vida, seja lá quais forem, mas imitá-los é uma completa demonstração de falta de personalidade e, no caso da música, falta de personalidade e de coragem.


Temos de conviver também com a falta de diversidade que, é óbvio, esbarra na mesmice e na falta de criatividade. Ministérios como The Flanders, Rosa de Saron, Adriana, Fabio de Melo, Anjos de Resgate, Ceremonya, etc. estão envelhecendo. Cadê a nova geração criativa e desbravadora? Onde estão as novidades de qualidade, os “pescadores de alto mar”? Moramos no Brasil, país tropical, de população e cultura diversificada, ritmos maravilhosos! Onde estão os ministérios de música de raiz, como Forró, Samba, Sertanejo, Maracatú, Xaxado, Vaneirão, Baião? Será que só existe música de louvor, pop e rock na música católica brasileira? Onde está o Orasamba? Jurandir, você está fazendo muita falta sim nos Halleis deste Brasil! Esses ministérios inovadores até podem existir e, às vezes, estão por aí, tentando um espaço no tão “concorrido” mercado da música católica, mas infelizmente o organismo vivo que somos nós, ministérios, organizadores e público, não abre o mínimo espaço para que eles possam fazer seu trabalho, sua missão. É a famosa desunião.


Nos Halleis deste Brasil, observando aquela multidão, fiquei imaginando aquele povo todo, pulando, se divertindo e louvando ao som de belos timbres de surdo e cavaquinho do tão característico e brasileiro Samba, do exclusivo Maracatú, Baião. Fora os outros inúmeros rítmos que temos Brasil a fora e que não citei!


Temos hoje inúmeros ministérios que não têm a menor idéia do que é música de qualidade. Dias atrás, pude me deparar, em uma cidade do interior onde o The Flanders se apresentou, com um ministério local que tinha nada mais nada menos que treze integrantes. E a coisa era tão absurda que a banda não cabia no palco. O tecladista teve que ficar do lado de fora. Para piorar a situação, a qualidade musical daquele grupo era de dar pena. Será que vale a pena fazer um trabalho de qualquer forma, de qualquer jeito? Isto é evangelizar mesmo?


Chega de imitadores. Chega da mesmice. Chega de pensar e proclamar para todos que “tocar para Deus é assim mesmo”, que não precisamos de qualidade, que não precisamos de bons músicos, bons organizadores, união. Chega disso! Se é para subir no palco e trabalhar em nome de Deus, que pelo menos tenhamos vergonha na cara de começar a fazer e doar o que temos de melhor, porque para Deus, temos de fazer tudo e muito mais. E  não o pouco, o errado, o pequeno e mal feito.


Está faltando sim o novo, o bem feito, a personalidade, o organizado, o pensado, o criativo. Estamos estagnados, parados como um trem velho em uma estação abandonada. Como o Padre Zezinho afirmou, dias atrás, na gravação do DVD dos Cantores de Deus, a Igreja precisa de jovens de personalidade, de opinião, de jovens e pessoas que se esforçam, que estudam, organizados, desbravadores. E não os famosos imitadores “Maria vai com as outras”.


Vamos virar a mesa… Está mais do que na hora!


Por: Fábio Coelho - baxista da banda The Flanders


Clique aqui veja também a entrevista que fizemos com o Coelho


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