sexta-feira, 22 de junho de 2012

Troque um Big Mac por um CD



Um dia desses, recebi um tweet pedindo que enviasse um link para download do novo CD da minha banda. Seria hipocrisia, da minha parte, achar isso inusitado, já que é o que vemos todos os dias na internet: pilhas e pilhas de links, praticamente suplicando para que você compartilhe, baixe, curta, retweet, divulgue… Enfim, toda essa avalanche de informações que acompanhamos todos os dias, assim que ligamos nossos computadores, celulares e tablets. Dizem que já tem até geladeira com internet.


Fiquei pensando no quanto se tornou natural, para as pessoas, não desembolsar um tostão sequer para desfrutar de uma obra musical. Se bem me lembro, quando criança, para se ter um disco, você separava dinheiro do salário e deixava uma reserva para comprar as tais beldades. Ouvir música era uma atividade na qual se reservava tempo para apreciação. As pessoas se esqueciam da vida assim que a agulha tocava o vinil. Sentavam-se em frente ao aparelho de som e simplesmente ouviam. Sim! E o disco todo, como uma obra de arte. Era uma espécie de êxtase induzido.


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Hoje a música está em toda parte e, graças à tecnologia, podemos ouvi-la no carro, andando de bicicleta ou a pé. Fazemos tudo ouvindo música, e ela é acessível a todos os gostos. Com a popularização da web, qualquer compositor pode divulgar seu trabalho com as mesmas chances, desde a banda mais famosa do momento até o som que seu vizinho faz na garagem, atrapalhando seu domingo.


Mas quanto custa um disco para quem o produz? Talvez esse detalhe da coisa não seja tão acessível quanto a música na internet. Poucos sabem o que os músicos passam para conseguir gravar o tão sonhado CD. Por mais que a tecnologia esteja popularizada e o modo de gravar gere custos mais compactos do que há alguns anos, ainda se precisa de muito investimento. Acompanho muitos trabalhos e ouço muitas histórias inusitadas sobre quais tipos de malabarismos meus irmãos de profissão já tiveram que fazer: rifar um porco na paróquia, fazer docinhos para vender depois da missa, penhorar o carro, organizar festas beneficentes. É um trabalho de dedicação que envolve pesquisa, ensaios, gravações, registro de música, fotos, confecção de encarte, impressão, impostos, taxas e mais impostos.


Agora, quanto custa o CD na prateleira? Se você entrar nos sites cristãos de venda de disco, dá para traçar uma média entre 17 e 20 reais para cada trabalho. Vamos combinar que esses preços estão congelados há pelo menos 5 anos. Falem-me um item que vocês tenham comprado no supermercado que não tenha sofrido inflação nesses últimos meses.


Tempo…


Com 17 reais, hoje em dia, não se compra quase nada. É um almoço no shopping, é o ingresso do cinema em São Paulo, é quanto se gasta de metrô em meia semana de ida ao trabalho. Sabem quanto custa um Big Mac Trio? Os mesmos 17 reais do CD. Para essa conta maluca fazer mais sentido ainda, basta pensar o que acontece com o seu investimento em um lanche compacto americanizado. Claro que não estou agourando seu maravilhoso almoço de 500 calorias deliciosamente saudável. Mas, gente, se um disco de música cristã custasse 40 reais, que é mais ou menos o que se paga nos lançamentos de música secular por aí, eu até entenderia o lance de procurar uma alternativa diferente, como baixar de graça ou copiar o disco do vizinho, o abuso do jeitinho brasileiro: _ Tá caro e a gente não tem como comprar!


Nunca levanto muitas bandeiras, mas tenho uma opinião formada quanto a isso. Se vocês têm condições de comprar um Big Mac, façam esse favor à sobrevivência da música católica: economizem um pouquinho e comprem os álbuns, apreciem os trabalhos, dêem valor àquilo que é nosso. Isso é sinônimo de consciência cristã e de respeito aos nossos artistas.


Os evangélicos sabem muito bem disso. Comprova-se claramente pelas tiragens e vendas de CDs gospel. E isso dá suporte à qualidade e ao profissionalismo dos trabalhos deles, que, por muitas vezes, são superiores aos nossos.


A campanha está lançada: Troque um Big Mac por um CD! Garanto que não engorda e praticamente não há contra-indicações.


Por: Lize Borba - Vocalista da banda Beatrix

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