segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
A diferença entre amar e estar apegado
Tomar consciência de quem se é, é um processo de maturidade.
Na Carta de São Paulo aos Gálatas, capítulo 4, versículos 1 a 20, é apresentado o princípio fundamental de tudo aquilo que Jesus anunciou no Seu tempo. Para ser de Deus é preciso ser livre, é preciso estar livre de todas as amarras que nos aprisionam. São Paulo percebeu que os gálatas, em vez de caminharem no processo de liberdade, estavam voltando às amarras das idolatrias do passado. Eles tinham a ideia equivocada de que o cumprimento da lei era o mais importante para a salvação, no entanto, o Senhor nos diz que a lei pode nos escravizar. A primeira cura que Jesus proporcionava não era física, mas mental, pois é nossa mentalidade que precisa ser transformada primeiro.
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Jesus foi tomando consciência de quem Ele era e é bonito perceber que todas as pessoas que estavam ao redor d'Ele O foram ajudando a reconhecer quem Ele era.
Tomar consciência de quem se é, é um processo de maturidade. A psicologia humana, por exemplo, nos ensinava que uma criança só poderia ir à escola a partir dos 7 anos, pois somente nesse estágio de maturidade cerebral é que ela poderia aprender. Por isso não adianta falarmos com criança do mesmo jeito que falamos com adultos, pois elas não compreendem nossa conversa [como eles].
Muitas vezes, na evangelização, nós precisamos usar desses métodos para que todos compreendam. É como um médico que vai dizer um diagnóstico ao paciente e tem que usar de linguagem simples, pois senão a pessoa não entende. Da mesma forma, nós evangelizadores temos que nos fazer entender para que possamos entrar no universo do outro. Muitas vezes, nós estamos surdos e não compreendemos o que Deus nos fala porque falta abrir nossa mentalidade para Ele.
Há muito tempo, eu vivi um processo de dependência afetiva e aquilo me fazia mal, pois por causa da pessoa de quem eu tinha essa dependência, eu era menos eu. Um padre rezou por mim e disse sentir que havia uma pessoa que fazia muito mal para mim e me pediu que eu apenas rezasse por ela e não ficasse próximo dela. Muitas vezes, nós dizemos que esta ou aquela pessoa precisa de nós e, na verdade, somos nós que precisamos dela.
Ser gente dá trabalho, ser gente significa você estar comprometido com seu processo humano e com o processo de quem está ao seu redor e se você for gente você será um problema a menos na vida dos outros. Quantas vezes na vida uma família vira um inferno porque alguém lá dentro decidiu ser um molambo e não faz esforço nenhum para ser gente, nem aproveita a liberdade. Quantas vezes nós sofremos demais por situações que não são nossas.
Nós não podemos viver uma pobreza espiritual a vida inteira, sem ter alguém com quem contar, porque o outro resolveu ser um molambo.
O processo da imaturidade pode se estender pela vida inteira, quando eu olho para o mundo e me vejo como um coitado, isso não é maturidade, é um infantilismo que não nos leva a nada. A criança, por exemplo, passa por um processo egoístico e se nós não ensinarmos que ela tem de dividir o que tem, ela não aprenderá; se não dermos as regras à medida que ela consegue compreender, estaremos criando um monstro em casa. Se não as ensinarmos como lidar com a vida, a vida será duas vezes pior para elas e para nós também. O casal que educa o filho a partir dos ensinamentos divinos, vai dar ao mundo uma pessoa mais preparada.
Há uma grande diferença entre amar e estar apegado: o amor nos dá aquele sentimento de liberdade, enquanto que o apego nos aprisiona e pensamos que as pessoas devem agir da forma que queremos. O amor é livre! Quando estou apegado a alguém ou a alguma realidade, eu faço do outro meu escravo.
Se eu uso minha presença e minha autoridade para pôr medo no outro, eu não vivo em liberdade. Há momentos em que precisamos reconhecer que não estamos sendo livres; e se não estamos sendo livres não fazemos os outros livres também. Por essa razão, precisamos ter a consciência de que forma escravizamos o outro e de que forma somos escravizados para que possamos caminhar no processo de amadurecimento de nossas vidas.
Eu tenho certeza de que você precisa romper com os apegos, pois apegado ninguém vai a lugar nenhum; para ter liberdade você precisa se livrar dos apegos interiores. Quantos casais vivem essa realidade [apego] e não têm coragem de olhar nos olhos um do outro e acertar os pontos para que sejam livres e vivam bem seu relacionamento. Entregue nas mãos do Senhor todas as situações e coisas que o aprisionam!
Por: Padre Fábio de Melo
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